Paraguai: uma pedra no sapado de Dilma


Fonte: www.ahipar.gov.b

O Brasil tem uma relação histórica com o Paraguai. País a primeiramente conquistar a independência na América Latina, 1811, sempre lutou, por conta de sua condição geográfica, por uma saída para o mar. Incrustrado na América do Sul envolveu-se, ou foi envolvido, em um conflito sangrento em meados do século XIX. O Brasil, naquele momento império, levou a cabo, bem dizer sozinho esse conflito derrotando ao ditador Francisco López. Os saldos, insistem alguns analistas e historiadores, pode ser computado até hoje. O Paraguai é um país pobre, com poucas possibilidades de diversificação de sua economia e que possui uma agricultura até produtiva, mas nas mãos de brasiguaios.
Fernando Lugo surgiu como uma possibilidade de revés nesse quadro. Depois de tantos anos de ditatura velada e real, principalmente e terrivelmente sob Strossner, Lugo tornou-se o símbolo da possibilidade de mudança. Entretanto, com uma vida privada pouco celibatária e com conflitos com os partidos que lhe davam apoio, teve suas forças políticas minadas até, como vimos na quarta-feira dia 22 de junho, seu poder político ruir em um empeachment sumário. É certo dizer que esse empeachment estava sendo costurado há tempos, desde o momento que resolveu mexer no covil do Partido Liberal Paraguaio detentor de latifúndios no país. 
Lugo tentou levar a cabo uma reforma agrária, ferozmente combatida por, inclusive, sua base apoiadora no Congresso.  Parece que o seu vice, Federico Franco, teve um papel central nesse processo. A retirada do apoio a Lugo parece ter sido o estopim de um processo que, cegamente orientado pelos ritos constitucionais (injustos, diga-se de passagem), levou ao seu empeachment . Esse cenário não é bom para o Paraguai e nem muito menos para a América Latina que luta pela construção de uma imagem lastreada pela solidificação de instituições democráticas. O Brasil está em uma saia justa. Não pode abandonar os requisitos-base do Mercosul e da Unasul, mas, ao mesmo tempo, um rompimento radical com o país vizinho poderia levar a uma escalada da violência, no limite a uma guerra civil, com terríveis consequências para todo o continente. Se isso se configurasse transformar-se-ia em uma bela pedra no sapado de Dilma.

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