A Relação entre Poder Político e Poder Econômico*

Vivemos hoje em um mundo extremamente globalizado e cada vez mais preocupado em solucionar apenas seus problemas econômicos em detrimento dos seus problemas sociais. É fácil percebermos que a relação entre política e economia é cada vez mais estreita, visto que os detentores do poder econômico influenciam e, até certo ponto, dominam também o poder político, visando à manutenção dos interesses de uma minoria.
A palavra poder, em uma definição geral, designa a capacidade de agir, de produzir efeitos. O poder econômico é aquele que se vale da posse de certos bens, necessários ou considerados como tais, em uma situação de escassez, para induzir aqueles que não os possuem a manter certo comportamento. Já o Poder político se baseia na posse dos instrumentos mediante os quais se exerce a força física, sendo, portanto, o poder coator no sentido mais estrito da palavra. Uma vez que o poder político se caracteriza pelo uso da força, ele é o poder soberano, cuja posse distingue a classe dominante.
Mas qual é a relação entre esse poder político e o poder econômico? Sabemos que uma economia estável favorece quem está no comando do poder político, pois, quando as pessoas sentem-se economicamente seguras, tendem a ter mais confiança em quem elegeram como representantes. Um bom exemplo é a reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso em 1998. Turbinado pela estabilidade do plano real, não teve dificuldades para aprovar uma emenda à Constituição que lhe garantisse a reeleição. Pelo lado oposto, temos a recente vitória de Barack Obama nos Estados Unidos, que foi eleito pelos americanos na esperança de resolver os graves problemas financeiros do seu país. Esse talvez seja o maior exemplo de que o poder econômico influência muito o poder político.
Obviamente sabemos que os detentores da riqueza possuem extrema influência no poder político. O maior problema, no entanto, é que essa influência visa apenas aos interesses de uma minoria, que busca manter-se no poder através de seu poderio econômico, prejudicando assim a grande parcela da população, que fica sob a influência, inclusive na hora de eleger seus representantes, dos interesses dessa classe dominante.
Assim, vemos que a normalidade econômica favorece os detentores do poder político. O que precisamos é aproveitar a oportunidade para termos também uma estabilidade política, com regras mais claras que visem não só os interesses econômicos de uma minoria, mas sim os interesses de toda a população, já que ela, apesar de aparentemente dominada, possui legitimidade suficiente para mudar o panorama político. Consequentemente, com uma maior estabilidade política, a tendência natural é de crescimento econômico, pois instituições políticas sólidas traduzem-se em investimentos para o país, tornando-o mais competitivo no mundo globalizado, melhorando a vida de sua população.


Referências:

Bobbio, Norberto. Teoria Geral da Política. Ed. Campus. 2006
Bobbio, Norberto; Matteuci, Nicola; Pasquino, Gianfranco. Dicionário de Política. 5 edição. Ed. UnB. 2006

*Marco Antonio Jacomini Brandão
Aluno de Graduação em Direito no Centro Universitário Central Paulista- UNICEP




Rodrigo Alberto Toledo
Doutorando em Sociologia com período sanduíche na Universidade de Salamanca, USAL, Instituto Iberoamerica e Centro de Estudos Brasileiros, tendo como objeto de pesquisa o processo de planejamento urbano da cidade de Araraquara e sua relação com a FAU-USP e processos participativos na formulação de políticas públicas urbanas. Tem Mestrado Acadêmico em Sociologia e Especialização em Gestão Pública e Gerência de Cidades (2001) pela UNESP-FCLAr-PPG. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais pela UNESP-FCLAr. Foi presidente da ONG Araraquara Viva e coordenou inúmeros projetos socioambientais que foram aprovados pelo Ministério da Cultura, Lei Rouanet. É bolsista do programa CAPES.

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