A casca dourada das horas (discurso de padrinho do Externato Santa Terezinha)

Queridos alunos. Foi com muita satisfação que recebi o convite para ser padrinho dessa turma. Um momento muito especial e recompensador para quem, como eu, se dedica à fantástica tarefa de ser professor.
Para entender um pouco mais da importância desse momento, fui buscar a origem da palavrapadrinho. Padrinho vem do latim patrinus, que é o diminutivo de pater, pai. Aquele que substitui o pai, que protege.
Na verdade, essa tarefa é a de todo professor e professora. Nesse momento, gostaria de pedir licença a todos os presentes para falar um pouco dessa profissão, SER PROFESSOR.
Ser Professor é ouvir o silêncio de um olhar.
O barulho de uma lágrima. 
A alegria de um sorriso ou o calor de um abraço.
É estar pronto para responder a dúvida que não cala;
Para apaziguar sentimentos confusos, próprios talvez da adolescência.
Ser professor é exercitar o senso de justiça cotidianamente;
É ser um estimulador do “pensar consciente”, do “ser honesto”, do “ser verdadeiro” com todas as limitações de “ser humano”.
Ser professor é travar uma luta diária contra o supérfluo, contra a irresponsabilidade, contra o preconceito. Nós, verdadeiros professores, somos defensores dessas lutas.
Ser professor é ser aquele que, pelo saber e pela experiência, põe-se ao seu lado, ALUNO, para testemunhar que vocês têm qualidades.
Nesse momento, lembro-me de um filme Ao Mestre com CarinhoEsse filme chegou até as minhas mãos quando eu era professor do Ensino Médio do Sesi, dado de presente pelo presidente da FIESP, Paulo Skaf.
Nesse filme, um jovem professor enfrenta alunos indisciplinados, um reflexo dos problemas e medos dos adolescentes dos anos 1960. Sidney Poitier, negro, engenheiro desempregado, resolve dar aulas em Londres, em um bairro de periferia. A classe, liderada por 3 alunos “maus”, estava determinada a destruir a carreira do professor. Mas o professor respondeu a esse desafio tratando os alunos como jovens adultos que breve estariam se sustentando por conta própria, ou seja, respondeu o mau trato, a desobediência, com a firmeza e a cordialidade.
O RESULTADO DO FILME: os alunos se tornaram admiradores do professor e ao final homenagearam-no com uma canção que aqui mudarei um pouco o significado para que ela seja uma homenagem a vocês, meus queridos alunos:
É claro que não vou arriscar a cantá-la, apenas lerei:
CHEGOU O MOMENTO DE FECHAR OS LIVROS E TROCAR UM ÚLTIMO OLHAR.

ENQUANTO PARTO, SEI QUE ME AFASTO DOS MEUS MELHORES AMIGOS.

AMIGOS QUE ME ENSINARAM O QUE É CERTO E COMO AGEM OS FORTES.

REALMENTE É MUITO PARA APRENDER.

O QUE EU POSSO LHES DAR EM TROCA MEUS AMIGOS? MEUS ALUNOS?

SE VOCÊS QUISESSEM A LUA:
- EU TENTARIA PEGÁ-LA

MAS PREFIRO QUE ACEITEM O MEU CORAÇÃO

“AOS MEUS ALUNOS, COM CARINHO”

Meus caros alunos ofereço a vocês meu coração, minha amizade e minha eterna lembrança desses maravilhosos dias que passamos juntos.

Finalizo com um belo poema de Mário Quintana.

O Tempo
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas! 
Quando se vê, já é sexta-feira! 
Quando se vê, já é natal... 
Quando se vê, já terminou o ano... 
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. 
Quando se vê passaram 50 anos! 
Agora é tarde demais para ser reprovado... 
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. 
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas... 
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo... 
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo. 
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. 
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

UM ABRAÇO FRATERNO A TODOS VOCÊS, MEUS QUERIDOS ALUNOS, AMIGOS!



Rodrigo Alberto Toledo
Doutorando em Sociologia com período sanduíche na Universidade de Salamanca, USAL, Instituto Iberoamerica e Centro de Estudos Brasileiros, tendo como objeto de pesquisa o processo de planejamento urbano da cidade de Araraquara e sua relação com a FAU-USP e processos participativos na formulação de políticas públicas urbanas. Tem Mestrado Acadêmico em Sociologia e Especialização em Gestão Pública e Gerência de Cidades (2001) pela UNESP-FCLAr-PPG. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais pela UNESP-FCLAr. Foi presidente da ONG Araraquara Viva e coordenou inúmeros projetos socioambientais que foram aprovados pelo Ministério da Cultura, Lei Rouanet. É bolsista do programa CAPES.

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