O CASTIGO

Seleção dos exercícios de português, de conhecimentos gerais, pontos gramaticais e contos: Waldir Cury (Taquígrafo-revisor da ALERJ)


Digitação: M.Thereza (Taquígrafa da ALERJ)

Impressão: Márcia Mendes (Taquígrafa-revisora da ALERJ)



O CASTIGO

Alves Redol

Atrás de uma carroça, um rapazeco descalço corria e chorava, e às vezes entretinha-se na lengalenga das próprias queixas, como se o embalassem os lamentos de alguém que lhe pedisse auxílio.

Do alto do assento da carripana desengonçada, onde ia sentado com a companheira, o pai voltava-se pra varar o rapaz com os olhos e chicoteava-o com a afronta das mesmas palavras:

- Vadio! Grande malandro! Seu grande malandro!...

Dizia isto com o rosto endurecido, sorrindo para a mulher quando se virava para diante, enquanto fazia estalar o chicote sobre o dorso de camelo da mula, obrigando-a ainda a estugar o passo chouto , sempre que o garoto se aproximava mais da carroça onde transportavam toda a riqueza de que dispunham — a tenda para se abrigarem, o caixote de roupas e a caixa das lentes para mostrar postais na feira, negócios de trampa, pois não deixavam apresentar mulheres nuas na feira, mesmo que os cabelos compridos lhes tapassem as partes vergonhosas do corpo.

Já trôpego, quase exausto, o rapazola esmoncava-se na lamúria; e as lágrimas caíam-lhe em bagas sobre a cara afogueada pela carreira. Preso ao eixo da carroça por dois arames bem enrolados, um cachorro branco, de malhas amarelas e de perna curta e caneja , esfalfava-se na mesma corrida, de língua pendente, embora quisesse voltar-se para animar o amigo, cujo choro lhe dava também vontade de uivar. Mas já sabia demasiado o que a queixa lhe custava — duas ou três arrochadas no lombo, dadas com o cabo do chicote, e assim tinha de se resignar.

Iam ambos de castigo naquela viagem, sem saberem ainda quando a carroça pararia para acamparem à sombra de algum olivedo ou pinheiral.

— Grande malandro! Seu grande malandro!...

O pai insistia e o rapazola choramingava sem pedir clemência — lá isso não. Que mal fizera para um castigo daqueles? Pior do que a injustiça era o vexame dos outros rapazes se largarem em surriada quando o viam naquela corrida, embora ele, então contivesse as lágrimas para não o saberem molestado com o castigo. O que o pai estava a fazer não era bonito, não.

Tinham acampado no Campo da Feira, em Vila Franca, e a mãe estivera a acabar os moinhos que ele deveria vender à tarde pelas ruas; por seu lado o pai desandara até à margem do Tejo para cortar uma piteira onde espetariam as canas dos moinhos, que ele voltaria para o lado do vento, de maneira a obrigá-los a girar. Sentado à revessa da carroça empinada, Tóino catara o cachorro das pulgas que o tornavam inquieto, pondo-se depois a puxar-lhe as orelhas para o levar a morder-lhe, porque o cão, como a mãe dizia, devia medir-se com um homem e impor-lhe respeito. E Tóino queria que o seu amigo, quando chegasse ao tamanho dum cão de verdade, não se temesse aos canzarrões das quintas nem aos porretes dos guardas.

Teu Nome, assim lhe chamara a mãe; o pai pusera-se de acordo e só Tóino resmungara que isso era uma brincadeira, quando um cão deve ter nome para se respeitar. Leão, sim, ou Bruxo, ou assim qualquer coisa importante... Depois habituara-se com o tempo, que havia de fazer!...

O Teu Nome pusera-se um cachorro de três assobios. Se agarrava num dos dedos do amigo, aí se punha ele a dar à cabeça, como se lho quisesse arrancar; se o Tóino pegava numa pedra ou num pau, e se, depois de lhe cuspir em cima, o atirava para longe, era um regalo ver o bicho largar numa carreira cega e trazer às mãos do dono, bem abocanhado, o que ele jogara à distância. Atiçava-se aos gatos, ladrava à própria sombra e uivava à Lua quando acampavam, o que deixou de fazer quando o dono velho pegou no chicote e lhe deu com o cabo, explicando ao filho que o uivo dos cães chama a morte.

Naquela manhã, para ali estavam entretidos um com o outro, embora o Tóino desse mais atenção ao trabalho dos moinhos, pois era ele quem os vendia e por isso vigiava a mãe nos acabamentos, uma tonta com as cores, misturava tudo.

— Eh, mulher!... lá está vossemecê a embirrar ... Já disse um ror de vezes que moinhos encarnados levam estrela branca e vossemecê não há meio d’aprender. Então qual é a cor do Benfica?... Raio de coisa! Depois julgam que eu sou parvo...

A mãe divertia-se a ouvir-lhe as conversas de homem já feito, mas gostava de fazer moinhos vermelhos com a estrela amarela ou azul, e verdes ou amarelos com roseta lilás ou cor-de-rosa.

— Se eu disser ao pai ele dá-lhe poucas no cartucho e depois vossemecê chora para aí que ninguém a cala — insistira o rapaz ao ver que a mãe não prestava atenção.

— Com quem tás a falar, eh rapaz?

— Consigo ... Tá aqui mais alguém?

Fingindo que deitava a mão a uma folha de papel azul, ela agarrou-o por uma perna e atirou-lhe um tabefe, mais de enxota-moscas que de pancada. O Tóino, porém, é que não achou graça; e aí foi ele ao encontro do pai, logo seguido pelo cachorro a saltar-lhe às pernas.

— Anda cá, Tóino! — chamava a mãe com maus pressentimentos — Olha o comboio, filho!

— Um grandessíssimo raio que a partisse — respondia o rapazola entre dentes, mais para repetir o que tantas vezes ouvira do que por ofensa verdadeira.

Espreitou a linha férrea para um lado e para o outro, lembrou-se da última vez que ali estiver com dois varinos , entretidos a colocarem pregos em cima dos carris ; “era uma coisa bacana!” As carruagens passavam num baralhuço de ferros, com redemoinhos de vento e papéis, capazes de puxarem uma pessoa para baixo das rodas, e depois era correr à procura, por entre as chulipas , até aparecerem as navalhas feitas dos pregos, quase da grossura duma folha de papel. E luzidias que era uma lindeza, como se fossem de prata ou coisa parecida; e cortadoras que nem navalhas barbeiras, só lhes faltava o cabo para serem iguais às da loja.

Certificou-se mais uma vez se as vias estavam livres, galgando-as em meia dúzia de pulos, embora hesitasse por causa do cachorro que se deixara entreter pelos desafios de um pescador grandalhão, encostado à cancela da banda da vila.

— Deixa lá o cão, seu homem! — desafiou o Tóino.

— É teu?

— Não vê que ele vem comigo?

O animal arremetia, arreganhando os dentes, pois o pescador não cessava de o açular com o pé descalço..

— Deixe lá o cão, seu homem! Pode vir um comboio ...

— Queres vendê-lo?

— O cão não se vende...

— Então dá-mo.

— Nem que me desse o peso dele em ouro fino...

— Ema, rapaz! Querem ver que o animal é de caça...

O pescador baixou-se para agarrar o Teu Nome, mas este ladrou-lhe com mais fúria, escapando-se depois para o lado do companheiro que continuava a chamá-lo com a ponta dos dedos e o assobio repemicado do costume. O homem disse ainda qualquer coisa, a que o Tóino não deu troco. Enfiou para a margem do rio, pôs-se a gritar pelo pai, não julgasse o gajo que estavam sozinhos, e foi à babugem da água mansa, açulando, por sua vez, os cães que guardavam os saveiros atolados na lama.

De vela alaranjada, uma fragata fazia um bordo, parecendo vir encalhar a seus pés, mas quando ele gritou ao arrais , acenado-lhe o boné, o barco deu uma guinada, sacudiu o pendão de lona e lá partiu direito à outra margem, como se o vento lhe pegasse com jeito. “Coisa bacana!”, pensou o rapaz deslumbrado. Sentia-se cansado de andar na carroça por essas estradas fora... Sempre o mesmo, às sacudidelas, catrapuz-catrapuz , chegava uma pessoa toda moída que nem salada a qualquer sítio onde montasse a barraca para dormir. Um barco daqueles devia ainda ser melhor do que viajar na girafa dos carrosséis, sempre de roda, só de roda, até uma pessoa ficar tonta. Apeteceu-lhe, então, uma viagem pelo rio, a qualquer sítio, sabia lá até onde: até Lisboa, para baixo é que é Lisboa. Devia ser bom debruçar-se na borda e cortar a água de mão aberta.

O canito viu-o atento e pôs-se a seu lado, de orelhas arrebitadas. Tóino esquecera-se de que viera ao encontro do pai para lhe falar dos moinhos e ajudá-lo a escolher a piteira; só quando a mancha alaranjada desapareceu ao longe é que caiu em si. Orientou-se para o lado de Alhandra e gritou com as mãos em búzio:

— Eh meu pai! Eh homem!...

Dispusera-se a seguir por ali adiante, sempre junto ao rio para não se enganar, quando da banda da vila rebentou um alarido confuso, sabia lá o que era, mas coisa boa não podia ser. Parou para adivinhar o que se passava, abriu-se-lhe a curiosidade por todo o corpo, e uma gritaria que lhe recordava outra que já ouvira, ah isso era mesmo catita !, começou a definir-se, a avançar para ele, agarrou-o com um formigueiro danado, mesmo a meio dos calcanhares, e lá deitou a correr por onde viera, chamando o cachorro. Numa carreira de vento leve pôs-se outra vez perto da linha da estrada de ferro. Entusiasmou-se: era mesmo o que pensara. A algazarra crescia, já se destacavam alguns gritos, o muro e a cancela estavam cheios de homens e rapazes que assobiavam, batiam palmas e desafiavam um touro; com certeza que era um touro. Desta vez, e finalmente, ia ver um mais de perto; não tinha ali a mãe para o segurar com receios e ameaças. “Coisa bacana!” pensou, maravilhado.

Correndo mais, e a bater palmas também, fez o resto do caminho em menos de um fósforo. O Teu Nome parecia entender que a festa ia começar para ambos e pôs-se a ladrar de alegria, ultrapassava o dono e voltava-se à espera, mais adiante, como a provocá-lo para a brincadeira. Empurra daqui, fura dacolá, o Tóino conseguiu espreitar para dentro do largo: lá estava a matula toda. “Ema, carago!” E meteu os dedos à boca para assobiar com quanta gana podia. O touro é que não se descobrira ainda, mas devia aproximar-se, com certeza que vinha aí, pois a maltosa fugia e gritava. Todos gritavam agora, tanto os que estavam empoleirados como os que corriam e saltavam, em busca de refúgio. E de repente, amarelo, muito amarelo, o boi apareceu, virando a cabeça para um lado e para outro, como a querer certificar-se da gente com quem teria de se medir. Tinha os cornos gravitos , em feitio de lira, e talvez aquele jeito lhe desse para não marrar . Parecia espavorido com a gentalha, assustado, a modos de procurar um sítio para se escapulir até à pastagem donde viera para o matadouro.

A matula, porém, não o largava, disposta a fazer aranzel e a improvisar tourada, mesmo com um boi da Beira. De camisa fora das calças, um pimpão saltara à frente do bicho com um saco de linhagem nas mãos.

— Eh boi real! Eh malesso !...

Começara por lhe lançar o desafio, de longe, mas ia-se chegando confiado, um passo e outro passo, pondo as pernas um pouco canejas e erguendo a cabeça num impulso, de cada vez que gritava, a compor a figura com a imaginação como se o largo fosse a arena onde estava sozinha a defrontar um toiro bem arrobado e de hastes poderosas. A malandragem conhecia-lhe a tineta e gozava-o, a incitá-lo: — Eh toureiro!... Pareces o Zé Júlio, pá!

Ele tentava fixar a atenção do boi, irritado com as provocações da matula. O bicho encarava-o, finalmente, sacudia a cabeça, mas um varino surgiu do outro lado, em correria maluca, aproximou-se aos ziguezagues e bateu na anca do animal, disparando em seguida para dentro duma escada, como se o contato lhe tivesse queimado a mão atrevida. O boi virou os cornos em lira e mugiu uma queixa dolorosa.

Tóino sentia um grande formigueiro por todo o corpo e assim uma vontade danada de urinar, talvez de medo, não percebia bem o que era aquilo. Esquecera-se do cachorro e dos moinhos, da família e do acampamento debaixo das árvores. Conseguira chegar junto das grades e estava de pé, ali, como os valentaços, que também já não o deixariam recuar, mesmo que ele quisesse.

— Eh toiro bonito! Eh toiro real!...

Paciente, o animal revolvia-se em dois palmos de terreno, só para não se ver desfeiteado , mas não se dispunha a investir. O pior é que a maltesia ganhara confiança e se pusera a chamar-lhe nomes indecentes para um boi qualquer, quanto mais para um bicho que ainda tinha sangue de touro nas veias excitadas. Fedelhos atiravam-lhe punhados de terra ao focinho, desafiavam-no de braço erguido e punho cerrado, rindo-se dele; fugiam, se movia a cabeça, mas voltavam depois mais afeitos , glorificados pela gentalha que lhes aplaudia os modos e a desenvoltura toureira.

Dentro do corpanzil amarelo do boi pacífico pôs-se o sangue a ferver. A baba amargava-lhe, era um fel. Nunca se vira rodeado daquela maneira, nem quando um dia fora obrigado a lutar com outro boi que o corneara na manada. Percebera já que a resignação não colhia por ali e decidiu-se a fazer qualquer coisa. E quando um valdevinos mais expedido se preparava para lhe agarrar o rabo, o boi gravito correu para ele, pega não pega, e meteu-lhe a cabeça pelas bandas do assento, volteando-o que nem uma folha de papel.

A malta exultou com o feito. Havia tourada.

Raivoso, apoucado nos seus brios, o bicho avançou para o vulto que esperneava no chão, preparando-se para lhe dar mais umas forquilhadas. Foi nesse momento que surgiu um cachorro de perna curta e caneja, a ladrar com fúria, mesmo às orelhas do boi amarelo, e furtando-se aos saltos, em busca do rabo do bicho que lhe parecia uma cobra esquisita, como nunca vira outra em toda a sua vida de vagabundo.

— Ai que é o meu rico cão! — gritou o Tóino, aflito.

O boi sacudia-se, transtornado com aquele desafio desprezível, e já se afastara do homem para perseguir o canito que recuava à frente, ladriscando sempre, sem lhe perder a cara. Espantado, o gigante amarelo pusera-se a defender a cauda daquele novo inimigo mais atrevido, embora insignificante de tamanho. Pôs-se a andar em roda e entonteceu; quis afugentá-lo com os chifres e nunca o agarrou, antes o açulara mais, a ladrar, a ladrar, o maldito, num arreganho de dentes. O boi movia a cabeça, de olhos esbugalhados e mansos, sem entender o que o outro queria; mas o cachorro vira indecisão no olhar do gigante amarelo e não deixava de avançar sobre ele, destemido, de dentuça afiada e atrevida, enquanto a matulagem lhe aplaudia a bravura, incitando-o com assobios e algazarra. Às escavadelas, o boi recuava já acovardado; e agitava a armação em lira, o que mais desesperava o canito assomadiço e brincão.

A angústia do Tóino transformara-se na maior alegria da sua vida. Toda a gente falava agora do seu rico cão. E só nessa altura se lembrou do acampamento, com pema de os pais não assistirem àquela prova de bravura do Teu Nome, que havia de se chamar Toureiro, pois então, desse lá por onde desse. A mãe não iria fora disso quando lhe contasse tudo o que se estava a passar.

Talvez por se sentir diminuído com as arremetidas do cachorrito canejo, o boi amarelo quis achar uma saída para aquilo e desatou a correr para as bandas donde viera. E lá abalou, perseguido, sem dar conta das sacas e casacos que lhe atiravam para o fixarem. O canito, porém, não deixava de lhe acometer a cauda, por certo convencido de que aquela cobra pendurada não seria capaz de se lhe virar, como outra que lhe aparecera, certo dia, num serra. Realmente o boi não hesitava na carreira, assobiado e vaiado pela matulagem, atrás da qual lá ia também o Tóino, mais para poder relatar aos pais as aventuras do seu cachorro, valente entre os valentes — qualquer pessoa o poderia dizer agora.

Capazes de armarem tourada com um gato ou um comboio, se qualquer deles tivesse cornos, a brincadeira chegou à gente da Borda-d’Água para umas tantas horas. E deu conversa para mais algumas.

Já tarde, aí por alturas do toque da fábrica de moagem, é que o pai deu com o Tóino numa taberna do cais. Contava ele, a quem o quisesse ouvir, muitas e imaginadas façanhas do seu Toureiro, sim senhor, aquele cão que viam ali de língua de fora e perna curta.

— Eh rapaz! — gritou-lhe aquela voz que logo conhecera, abrindo-lhe num sorriso a cara sardenta e magrizela.

E logo saltou do banco corrido onde se sentara com o canito aos pés, desejoso de descrever ao pai, na sua fala gaguejada, as maravilhas do companheiro, que defrontara um touro e o pusera a fugir, como o Diabo, ou coisa parecida, que é a coisa a que toda a gente tem respeito. O pior é que nem tempo lhe deu para abrir a boca. Agarrou-o ali mesmo, e em peso, pelas orelhas de abano, sacudindo-o bem, para o mandar à sua frente com um pontapé repuxado no fundo das calças. E só lhe chamava malandro, grande malandro, enquanto o Toureiro se escapava à frente deles, acovardado, a olhar de banda para o dono mais velho.

Ralada , a mãe não o tratou melhor. A sopa naquela noite foi de “canja” e ela é que lha serviu com as costas da mão.

Tóino, porém, não chorou. A consciência não o acusava de merecer castigo — um homem é um homem e um gato é um bicho.

O que lhe doía ainda agora pela estrada adiante, não era porem-no fora da carripana , obrigando-o a seguir a pé com a ameaça de o abandonarem, se não acompanhasse o andamento da mula. “Marimbava-se para eles”, pensava na sua. “Que se lixassem os dois!” Agora amarrarem o seu cão, um cão daqueles, debaixo do eixo da carroça, forçando-o a correr com a pata a manquejar, é que não era coisa que se fizesse. Nem a uma pessoa.

Por isso é que carpia agora, capaz de se atirar para o chão numa birra. E já prometera a si mesmo não comer uma migalha de pão em todo o dia, para que os pais percebessem que não se tratava como um covarde ou um cão fraldiqueiro , um animal que metera medo a um toiro, e que toiro!

Um toiro com dois cornos, salvo seja, tão grandes como os ramos da árvore onde de noite se tinham abrigado.



(De “Histórias Afluentes” )

A

LVES REDOL - Romancista e contista, nasceu em Vila Franca de Xira em 1911, e morreu em Lisboa em 1969.

O volume de “História Afluentes” reúne muitas das reminiscências da juventude de Alves Redol, e particularmente da sua experiência africana, em Angola, à qual o escritor se havia já referido, lembrando: “Eu tinha dezesseis anos. E foi então que parti para Angola, num barco onde ia uma leva de degredados. Desembarquei com cinqüenta escudos e uma garrafa de vinho do Porto. Fiz curso de desempregado durante seis meses, fui assalariado da Fazenda, vendi pneus, ocupei-me de publicidade, lecionei estenografia numa escola noturna e acabei com a malária. Regressei, aos dezenove anos, na mesma terceira classe onde partira à ida. Já não era, porém, o mesmo: fui com esperança, voltei com uma anemia”. O depoimento tem o mérito de confirmar que Alves Redol parte sempre da realidade para recriar a sua arte e foi assim que ele se destacou na primeira linha dos escritores neo-realistas portugueses.


Rodrigo Alberto Toledo
Doutorando em Sociologia com período sanduíche na Universidade de Salamanca, USAL, Instituto Iberoamerica e Centro de Estudos Brasileiros, tendo como objeto de pesquisa o processo de planejamento urbano da cidade de Araraquara e sua relação com a FAU-USP e processos participativos na formulação de políticas públicas urbanas. Tem Mestrado Acadêmico em Sociologia e Especialização em Gestão Pública e Gerência de Cidades (2001) pela UNESP-FCLAr-PPG. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais pela UNESP-FCLAr. Foi presidente da ONG Araraquara Viva e coordenou inúmeros projetos socioambientais que foram aprovados pelo Ministério da Cultura, Lei Rouanet. É bolsista do programa CAPES.

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