O pulso

Ao lado uma criança brada de alegria, desespero por não ser compreendida ou por querer falar e ainda não dominar a complexa invenção humana de tempos. Enquanto isso, eu penso sobre o ano que se esvai entre nossos dedos. 2009 já é passado. Sim, muitas transformações, dinâmicas incompreensíveis, conquistas inegáveis e perdas irreparáveis. Essa constatação só nos faz perceber algo que teimamos a acreditar: os períodos, aqui denominados de anos, impõem uma relação entre homens e a vida que poderia ser perfeitamente caracterizada como uma “relação-ganha-perde”. Ora ganhamos, ora perdemos. Ao passo que seria compreensível, se quiséssemos racionalizar esse processo, classificá-lo como períodos de conquistas inconsistentes. Em que pesem todos esses elementos, é fato também afirmarmos que a própria trajetória humana é composta de uma série de eventos que colocam o “ser humano” numa constante condição de insatisfação com a realidade triste, cruel e aterrorizadoramente verdadeira de que somos finitos. Por outro lado, desenvolvemos características - que são fundamentais para traçarmos aqui uma compreensão do que seria a condição humana -, que enraízam o homem numa condição de perenidade diante das forças transformadoras ou das dinâmicas incompreensíveis da vida. Há um conflito estabelecido entre a certeza da imortalidade e a verdade da finitude. Talvez esse conflito seja muito revelador, pois coloca explicitamente a verdadeira condição humana de o homem ser o único animal que sabe que irá morrer e, por esse motivo, elabora símbolos para compreender esse, ainda, estranho fenômeno. Verdadeira talvez seja uma quase-certeza que me ocorre nesse momento. Creio que vivemos períodos, aqui denominados de anos, em que utilizamos diversas estratégias. Sim viver é utilizar estratégias: para amar e ser amado, ser feliz e proporcionar felicidade, respeitar e ser respeitado, viver e deixar que a vida pare de pulsar.



Rodrigo Alberto Toledo
Doutorando em Sociologia com período sanduíche na Universidade de Salamanca, USAL, Instituto Iberoamerica e Centro de Estudos Brasileiros, tendo como objeto de pesquisa o processo de planejamento urbano da cidade de Araraquara e sua relação com a FAU-USP e processos participativos na formulação de políticas públicas urbanas. Tem Mestrado Acadêmico em Sociologia e Especialização em Gestão Pública e Gerência de Cidades (2001) pela UNESP-FCLAr-PPG. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais pela UNESP-FCLAr. Foi presidente da ONG Araraquara Viva e coordenou inúmeros projetos socioambientais que foram aprovados pelo Ministério da Cultura, Lei Rouanet. É bolsista do programa CAPES.

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