INVESTMENT GRADE PROFISSIONAL




O Brasil conquistou, nesse ano de 2008, uma série de mudanças que acompanhavam o imaginário social, econômico e político há anos. Realizamos mudanças estruturais na economia que transformaram o Brasil em uma das vozes mais influentes no cenário mundial, sobretudo num momento de crise como esse que vivemos. De qualquer forma, não devemos nos ater apenas às conquistas macroestruturais econômicas, e, sim ampliarmos nossos olhares para a microestrutura. Parto do pressuposto que não há crescimento, nem maturidade política e econômica, se a população não acompanhar esse processo e também não revolucionar aquilo que é fundamental para qualquer país: seu modelo educacional. Discutir tal questão, tremendamente complexa, e compreender toda a sua dimensão para os destinos de um país não é tarefa fácil. O Brasil tarda em discutir seu modelo educacional que, cada vez mais, se privatiza seguindo um modelo capitalista selvagem em que a qualidade está posta em cheque. O ambiente mais evidente desse processo é o das universidades particulares. Surgiu no Brasil um mercado tremendamente promissor para essa área. Esse cenário se consolidou por meio de uma realidade que vem se desenhando há décadas. O ensino nunca foi discutido com a seriedade que merece. O que assistimos, ao contrário, é a solidificação de um mercado de venda de diplomas, chancelado pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), em que a qualidade desse produto é discutível. Para além dessa constatação, nos ambientes dessas universidades, se constroem relações com os profissionais da educação em que o respeito, o reconhecimento e a dignidade não são as balizas mais importantes. Temo pelo futuro de um país que, constantemente, alcança reconhecimentos externos no âmbito econômico, mas na sua realidade social concreta cristaliza relações perniciosas naquele ambiente que mais deveria ser tratado com respeito e cuidado: o do ensino.
Em outras palavras, alcançamos o Investment Grade Econômico, mas ainda nos falta o Investment Grade Educacional. Poucas são as universidades particulares que lidam com respeito com seus mais importantes patrimônios: os professores e os alunos. Felizmente, na nossa região, esse cenário está longe de se realizar, ou seja, ainda identificamos universidades e centros universitários que prezam pela qualidade.

Rodrigo Alberto Toledo
Doutorando em Sociologia com período sanduíche na Universidade de Salamanca, USAL, Instituto Iberoamerica e Centro de Estudos Brasileiros, tendo como objeto de pesquisa o processo de planejamento urbano da cidade de Araraquara e sua relação com a FAU-USP e processos participativos na formulação de políticas públicas urbanas. Tem Mestrado Acadêmico em Sociologia e Especialização em Gestão Pública e Gerência de Cidades (2001) pela UNESP-FCLAr-PPG. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais pela UNESP-FCLAr. Foi presidente da ONG Araraquara Viva e coordenou inúmeros projetos socioambientais que foram aprovados pelo Ministério da Cultura, Lei Rouanet. É bolsista do programa CAPES.

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