A insólita despedida de Bush no Iraque

Assistimos pelas TVs nesse domingo a insólita despedida do presidente americano George Bush do poder. Os sapatos que rumaram em direção ao seu rosto representaram toda a angústia, ódio e protesto de um povo que, da noite para o dia, viu seu país se desmanchar em uma carnificina poucas vezes presenciada pela humanidade. Desde 2003, os americanos lideram um conjunto de países que, em nome da liberdade e da democracia, invadiram o Iraque e derrubaram o regime político que ali vigorava. Foram momentos difíceis para o povo iraquiano e para a humanidade. Também assistimos, nesse período, a destruição de um dos patrimônios históricos da humanidade mais importantes, pois o Iraque resguardava acervos da civilização mesopotâmica. Foram muitas agressões: ao povo, a sua soberania e a sua capacidade de resolução de seus problemas.
É importante reforçarmos que, não existe nenhum país na condição mundial de guardião de valores e nem de instituições políticas. Ou seja, do ponto de vista político e do saudável equilíbrio entre as nações, por mais que determinado país agrida os valores democráticos e os direitos humanos, há diversos caminhos para a comunidade mundial manifestar seu desagrado. No entanto, nesse caldeirão há outros temperos que precisam ser apreciados. Não podemos deixar de lado à famosa, desgastada e incrédula questão petrolífera. O Iraque é um importante produtor de petróleo mundial. Outra questão relevante é o fato de a máquina de guerra americana precisar, ciclicamente, desovar seus maquinários bélicos para que haja uma renovação tecnológica e um giro de capital na indústria de armamentos daquele país. Na verdade, sabemos que a guerra é uma oportunidade de obtenção de lucros fantásticos, pois o que foi destruído terá que ser construído novamente.
De qualquer forma, que fique aqui nosso protesto diante de tal voracidade capitalista que destruiu famílias, patrimônios e um país. Que os sapatos do jornalista iraquiano possa representar todos os outros que gostariam de ter a mesma atitude. Para o muçulmano, jogar os sapatos em uma pessoa representa a maior ofensa que alguém poderia receber. Uma pena que o presidente americano não seja versado suficientemente para compreender essa atitude.


Rodrigo Alberto Toledo
Doutorando em Sociologia com período sanduíche na Universidade de Salamanca, USAL, Instituto Iberoamerica e Centro de Estudos Brasileiros, tendo como objeto de pesquisa o processo de planejamento urbano da cidade de Araraquara e sua relação com a FAU-USP e processos participativos na formulação de políticas públicas urbanas. Tem Mestrado Acadêmico em Sociologia e Especialização em Gestão Pública e Gerência de Cidades (2001) pela UNESP-FCLAr-PPG. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais pela UNESP-FCLAr. Foi presidente da ONG Araraquara Viva e coordenou inúmeros projetos socioambientais que foram aprovados pelo Ministério da Cultura, Lei Rouanet. É bolsista do programa CAPES.

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